Sempre soube que queria dedicar-me a algo com um verdadeiro sentido de missão. A mente humana e os seus mistérios sempre me fascinaram, mas mais do que compreender os processos mentais, apaixonei-me pela forma como a mudança acontece.

Acredito que quando uma pessoa se transforma, não o faz sozinha – todo um sistema também cresce e evolui, criando caminhos para pessoas, famílias e comunidades mais saudáveis e felizes.

O meu percurso começou numa comunidade terapêutica, onde trabalhei com adultos em luta contra comportamentos aditivos. Foi ali que percebi que, mesmo nos momentos mais difíceis, há espaço para o crescimento. No sofrimento e na relação de ajuda, podem nascer novas oportunidades de autoconhecimento e desenvolvimento.

Para mim, cada pessoa é uma história viva, e considero um privilégio poder escutá-la. Fascina-me a forma como, na terapia, alguém pode reaprender a contar a sua própria história – com mais força, mais clareza, mais autenticidade. Embora a minha formação base seja a Terapia Sistémica, construo cada intervenção centrada na pessoa única que tenho à minha frente, integrando abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental e outras que possam enriquecer o processo.

Mas existe algo que não se aprende nos livros técnicos ou nos artigos científicos. Algo que só se sente. Tal como em O Principezinho, acredito que “o essencial é invisível aos olhos”. Na terapia, o essencial é encontrado, mais profundamente, na humanidade compartilhada e na conexão genuína e segura, com espaço para vulnerabilidade, coragem, riso e até silêncios, enfim, sem elefantes na sala. No encontro entre duas pessoas que, por um momento, partilham o mesmo caminho.

Cédula de Membro Estagiário da Ordem dos Psicólogos Portugueses nº 133846.