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Sentir-se cansado depois de um dia de trabalho é uma situação perfeitamente normal. No entanto, quando esse cansaço é tal que deixa de conseguir dormir ou socializar, pode ser um sinal de alerta para algo mais profundo.

Burnout: quando o corpo desliga

 

O Serviço Nacional de Saúde define burnout como um “estado de esgotamento físico e mental causado pelo exercício de uma atividade profissional”.

Normalmente, é uma situação que se prolonga no tempo, culminando com uma sensação de ineficácia para lidar com a sobrecarga laboral. São esgotados todos os recursos e estratégias para gerir tantas solicitações.

Tal como uma chaleira que desliga quando a água está a ferver, o mesmo acontece ao organismo quando entra em burnout. O organismo “desliga” algumas funções não essenciais, para permitir a manutenção das funções vitais. O burnout é por isso uma perturbação psicológica que assente num estado de cansaço extremo, com consequências a nível físico e emocional.

Segundo dados da Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional, em 2016, 13,7% da população ativa estava em estado de burnout, enquanto que 82% tinha risco elevado.

Tal como uma chaleira que desliga quando a água está a ferver, o mesmo acontece ao organismo quando entra em burnout. O organismo “desliga” algumas funções não essenciais, para permitir a manutenção das funções vitais.

 

 

 

Quais as razões?

 

Existem várias razões que levam a este estado, como por exemplo:

  • Grande competitividade no local de trabalho;
  • Sobrecarga de tarefas;
  • Má gestão na organização;
  • Muita exigência e pouco controlo no dia a dia profissional;
  • Assédio psicológico ou sexual;
  • Falta de apoio;
  • Mau ambiente entre colegas e chefias;
  • Problemas pessoais;
  • Dedicação exagerada à profissão;
  • Dificuldade em estabelecer limites, em delegar e em dizer não;
  • Perfeccionismo;
  • Dificuldade na gestão da ansiedade.
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Sinais de alerta

 

O burnout pode ser confundido com depressão, mas é importante diferenciar estes dois estados. A depressão é considerada uma doença psiquiátrica, podendo ter origem em qualquer área da vida (profissional, familiar, etc.).

o burnout é uma exaustão profunda, que acontece em contexto laboral (trabalho em excesso, má relação com as chefias, etc.). Há uma característica que tem de existir para diagnosticar-se um burnout: a dedicação exagerada à profissão.

Esta perturbação psicológica surge na sequência de um encantamento e/ou dedicação exímia, em que a pessoa tem o desejo de ser o melhor e mostrar alto desempenho ou se sente pressionado para o fazer, seja por fatores intrapessoais, seja pelas dinâmicas laborais.

Existem vários sinais de alerta associados a este estado, tanto físicos como psicológicos e comportamentais. São eles:

    • Sinais físicos: alterações no sono, dores de cabeça, irritabilidade, alterações no apetite, tensão arterial alta, fadiga, alterações metabólicas ou alterações na tiróide.
    • Sinais psicológicos: ansiedade persistente e elevada, isolamento, apatia, cansaço mental, humor depressivo ou ideação suicida.
  • Sinais comportamentais: alterações do desempenho profissional, problemas com colegas e chefias, maior reatividade, isolamento, diminuição da pontualidade ou da assiduidade, presentismo, abuso de substâncias (nicotina, cafeína, álcool, drogas, medicação), baixa médica.

Estes sinais podem surgir em pequena quantidade ou podem estar quase todos presentes, numa baixa ou elevada intensidade.

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O burnout tem tratamento?

É importante perceber que um estado de burnout não se define apenas por um dia em que chega a casa mais cansado que o habitual. É uma situação de sobrecarga prolongada que tem um impacto profundo na vida pessoal e profissional e que constitui uma problemática psicológica. O seu diagnóstico não surge muitas vezes, sendo confundido com frequência com um quadro de depressão ou sendo excessivamente banalizado e enquadrado num contexto de stress generalizado.

Podemos destacar três níveis de estratégias: a nível individual, a nível social e a nível organizacional:

A nível individual, é fundamental consultar-se um especialista, seja um psicólogo, seja um psiquiatra (ou ambos), para que se consiga obter o correto diagnóstico e um plano de tratamento ajustado. Adicionalmente, é importante que a pessoa cative mais tempo de qualidade a se auto-observar.

Esta auto-observação é importante para tentar identificar os fatores causadores de maior stress e, assim, poder experimentar estratégias que ajudem a mudar a relação com o trabalho e a otimizar a gestão de stress e de ansiedade.

A nível social, é relevante fomentar relações interpessoais de qualidade, reforçar os vínculos com os colegas de trabalho, aprender a lidar com as chefias e contribuir para uma comunicação mais eficaz dentro das equipas em que se está integrado.

Em termos organizacionais, é importante que os horários e carga de trabalho permitam um equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional, com respeito pelas necessidades fisiológicas e emocionais de um ser humano.

Da mesma forma, é fundamental que existam boas condições físicas para que cada pessoa desenvolva bem o seu trabalho (exemplos: cadeiras confortáveis, um espaço para refeições, temperatura amena, isolamento acústico).

Nesta dimensão organizacional, é relevante que a comunicação interna seja eficaz, que cada um compreenda o que é esperado de si e que se fale e invista em saúde, física e mental, dos colaboradores.

Quando se fala de burnout, há uma palavra que se destaca: prevenção. Mais do que se refletir sobre a gravidade desta problemática, há que diminuir riscos e implementar mudanças a nível organizacional.

Cada pessoa individualmente tem o poder e a responsabilidade de proteger a sua saúde. Cada empresa tem o poder e responsabilidade de promover boas práticas laborais.

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