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Tristeza e Depressão: entenda as diferenças

Perceba melhor o que é a tristeza e a depressão, o que caracteriza cada um dos estados e como se diferenciam entre si.

“Estás com um ar deprimido” e “Sinto-me deprimido” são expressões muitas vezes utilizadas de forma banal, para designar um estado de tristeza ou desânimo. Ainda que a tristeza e a depressão se confundam um pouco por vezes, estas duas condições são bem diferentes.

A tristeza é uma emoção, que podemos sentir em diversos momentos da vida, com diferentes intensidades. Ela está associada a um acontecimento específico e dura, normalmente, algumas horas ou dias.

Já a depressão é uma doença psicológica, cuja causa nem sempre é fácil de identificar, que pode durar meses ou anos, se não for tratada.

Uma pessoa com depressão sente-se triste, mas uma pessoa que se sinta triste não está necessariamente com depressão.

De seguida, vamos conhecer melhor estas duas condições, bem como seis áreas/contextos e de que forma são afetados pelos estados de tristeza e depressão.

 

A tristeza

 

A tristeza é uma emoção adaptativa, que surge como resposta a várias situações, como um conflito de trabalho ou o fim de uma relação.

É uma situação passageira, associada a um episódio concreto, que pode diminuir em algumas horas ou dias. A tristeza pode ter vários níveis de intensidade, mais ligeira ou mais intensa, sendo que esta intensidade pode variar, com tendência a diminuir com o tempo. Ela pode estar associada a um sentimento de desilusão, impotência ou vontade de chorar.

Não há como não sentir tristeza! Todas as emoções – mais ou menos agradáveis – são necessárias para o nosso bem-estar e saudável desenvolvimento emocional. O filme de animação Divertida-Mente (ou Inside Out) é uma excelente aula sobre emoções, explicando de uma forma muito divertida e didática a importância de sentirmos as várias emoções, pois todas elas têm uma função.

No caso da tristeza, ela serve para integrar uma situação na nossa vida para que, numa fase posterior, seja mais fácil aceitar a realidade e seguir o caminho. A tristeza pode também promover sentimentos de empatia, de nos conseguirmos ligar aos outros mais facilmente.

Ninguém está sempre feliz ou infeliz, e é neste equilíbrio de emoções que a vida acontece, que nos conhecemos melhor e que aprendemos a gerir o que se passa dentro de nós.

A tristeza faz parte de uma vivência saudável das emoções, não nos tornando mais fracos ou imperfeitos. Ela não não é considerada uma doença mental nem requer tratamento. É, sim, uma resposta a uma situação, e tem um tempo limite de duração.

 

A depressão

 

Já a depressão é uma doença psicológica que afeta todas as áreas da vida e pode tornar-se crónica.

Pessoas com depressão têm dificuldades de concentração, pensamentos negativos, dificuldade em tomar decisões, sentimentos de impotência e falta de esperança. Esta doença pode durar meses ou anos e, em situações mais extremas, pode levar ao suicídio.

É um sentimento de tristeza profunda e duradoura, que atinge 10% da população portuguesa*, sendo reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como a principal causa de incapacidade no mundo. Há toda uma vida que fica em suspenso e que deixa de ser funcional.

Muitas vezes, a depressão é vista como algo da nossa cabeça ou um capricho. Diferente das doenças físicas, que se veem, a doença psicológica não se vê, não é palpável, pelo que, muitas vezes, é desvalorizada.

Não existe uma causa exata para o surgimento de uma depressão, mas acredita-se que fatores como a hereditariedade, desequilíbrios nos neurotransmissores (por ex. serotonina e dopamina) e fatores psicossociais possam contribuir para o desenvolvimento da doença.

O seu diagnóstico é realizado por um psicólogo ou psiquiatra e o tratamento pode ou não passar pela toma de medicamentos, dependendo da avaliação que é feita caso a caso. Pode haver necessidade de uma intervenção integrada entre psicólogo e psiquiatra, ou de apenas um dos profissionais. Tudo vai depender da severidade da doença.

Práticas como a meditação e o mindfulness começam a ser vistas como ferramentas úteis para combater estados depressivos.

Por exemplo, o sistema nacional de saúde britânico (NHS) disponibiliza, para casos menos graves de depressão, exercícios de mindfulness e meditação, em alternativa à medicação.

* fonte: OPP – Ordem dos Psicólogos Portugueses

“(…) a doença psicológica não se vê, não é palpável, pelo que, muitas vezes, é desvalorizada.”

 

 

Tristeza e depressão: 6 principais diferenças

1. Prazer

A capacidade de sentir prazer diminui em situações de tristeza e depressão. No entanto, no caso da tristeza, apesar de haver uma redução nesta capacidade, ela continua a existir, sendo que conseguimos desfrutar de alguns momentos/situações, ainda que com uma menor intensidade.

No caso da depressão, existe uma total perda de capacidade de sentir prazer. Esta condição tem o nome de anedonia, caracterizando-se pela perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas, perda da libido ou dificuldades de concentração.

2. Foco

Quando estamos tristes, conseguimos identificar o motivo dessa tristeza. Exemplo: “estou triste porque terminei uma relação”. Os motivos são fáceis de identificar e as restantes áreas da vida – embora possam ser afetadas pela situação – continuam relativamente funcionais. Na depressão, isso não é claro. Esta condição faz com que tudo fique turvo, sendo que não há melhorias com o passar do tempo e todas as áreas são afetadas de igual forma.

3. Sono

Enquanto que, nos casos de tristeza, conseguimos descansar relativamente bem, no caso da depressão, o sono é bastante mais afetado. Pode acontecer não conseguir dormir, ou dormir demasiado.

4. Alimentação

É comum, quando estamos tristes, existirem algumas alterações pontuais no apetite, ainda assim, ele acaba por regressar, à medida que o sentimento vai diminuindo. Em situações de depressão, pode haver uma perda total de apetite, ou episódios de compulsão alimentar.

5. Pensamentos destrutivos

Estes pensamentos, presentes em casos de tristeza, tendem a flexibilizar-se à medida que o sentimento se desvanece. Por outro lado, em pessoas com depressão, estes pensamentos são mais intensos, em que tudo é colocado em causa e de forma permanente.

6. Pensamentos de autoagressão

Neste caso, este tipo de pensamentos só se aplica em situações de depressão (e não em casos de tristeza). Podem existir pensamentos e situações de autoagressão, principalmente em casos mais severos.

A doença mental é um tema cada vez mais falado e discutido na sociedade. No entanto, são muitos os estigmas que ainda persistem sobre quem procura apoio psicológico.

Se precisa de ajuda para regular as suas emoções, ou pensa que pode estar a entrar num estado depressivo, procure ajuda profissional. Conte com a nossa equipa para apoiar no que for preciso.

Deixamos mais alguns contactos úteis:

  • SOS Voz Amiga – diariamente das 15h30 às 00h30: 213544545 / 912 802 669

  • Conversa Amiga – diariamente das 15h às 22h, fins de semana das 19h às 22h: 808 237 327 / 210 027 159

  • Linha Saúde 24 – em permanência: 808 24 24 24

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