Todos cometemos erros. Mais graves, menos graves, em maior ou menor número. Mas, se existe uma certeza na vida, é que eles vão acontecer. Aprenda a lidar com a culpa e saiba como se libertar dela.
Vários estudos demostram que a autocrítica e a culpa estão associadas a dificuldades em manter a motivação e o autocontrolo. Além disso, é um dos fatores que podem desencadear uma depressão.
Reconhecer o erro é saudável, mostra que é uma pessoa consciente. Mas o que faz com isso? Não nos ensinam na escola como lidar com a culpa. Faltam ferramentas para a gerir. Muitas vezes, colocamos nas nossas costas um peso demasiado difícil de carregar. Acreditamos que somos más pessoas, que não merecemos coisas boas. A culpa é uma emoção que destrói a autoestima aos poucos.
Porque sentimos culpa?
Existem algumas emoções, ainda que diferentes entre si, que são reforçadas pelo cérebro. Emoções como o orgulho, a vergonha e a culpa ativam os mesmos circuitos neuronais, reforçando o mesmo sistema de recompensas do cérebro.
É por isso que parece que às vezes fica preso neste círculo vicioso, não conseguindo perceber como lhe escapar.
Além disso, existe a crença de que este sentimento de culpa ajuda a corrigir comportamentos, tendo no fundo uma função de emendar falhas e evitar que novos erros aconteçam. Ou seja, a culpa é vista como algo positivo.
No entanto, esta não é a melhor estratégia para corrigir comportamentos. E porquê? Porque a culpabilização faz como que nos sintamos más pessoas, logo, a probabilidade de repetir comportamentos dos quais não nos orgulhamos aumenta.
Então, qual é o caminho?
Deixe a crítica de lado. Perdoe-se e seja compreensivo consigo. Desta forma, a sua responsabilidade pessoal vai aumentar. E é esta responsabilização (e não culpabilização) que vai ajudar a corrigir comportamentos que não estão tão alinhados consigo, e dar-lhe um maior autocontrolo sobre as suas ações.
Diferença entre culpa e responsabilidade
A culpa e a responsabilidade não se excluem. É possível sentir as duas coisas, principalmente numa fase de transição, em que começa a ganhar uma maior consciência de que existem alternativas ao sentimento de culpa e punição. Existem várias diferenças entre ambas, destacamos alguns:
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A culpa está no passado, naquilo que já aconteceu, enquanto que a responsabilidade está no presente, naquilo que pode ser feito daqui para a frente;
- A culpa foca-se no erro, enquanto que a responsabilidade se foca na aprendizagem que esse erro lhe pode trazer;
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A culpa bloqueia, não mostra uma saída, enquanto que a responsabilidade mobiliza para a ação;
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A culpa volta-se para o que já está feito, enquanto que a responsabilidade se foca no que pode ser feito agora.
Em resumo, a culpa traz sofrimento, a responsabilidade traz soluções.
A culpa traz sofrimento, a responsabilidade traz soluções.
Culpa: 4 estratégias para se libertar
1. Deixe de ampliar a realidade: reflita se o seu nível de punição é proporcional àquilo que realmente aconteceu. Na grande maioria dos casos, o sentimento de culpa é muito superior;
2. Perceba que as suas ações não refletem aquilo que é: é importante responsabilizar-se, reparar os danos, pedir desculpa. Mas, além disso, também importa perceber que o seu valor e as suas ações são coisas distintas.
3. Tenha autocompaixão: só quando se perdoar será capaz de fazer diferente. Saia desse labirinto em que se encontra. Se reconhecer o seu valor (em vez de se punir), será maior a probabilidade de aprender com o erro e não voltar a repeti-lo.
4. Aprenda com os erros: o que esse erro lhe está a dizer? Transforme-o em aprendizagens, e não numa punição vazia que não vai dar a lado nenhum.
Erros acontecem e vão voltar a acontecer. Vai fazer coisas das quais não se vai orgulhar. Aceite a sua vulnerabilidade e construa forças a partir daí. A culpa não faz de si melhor pessoa, por mais que essa crença esteja enraizada na sociedade. A autocompaixão e a capacidade de aprender com os erros, sim.