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A Ciência da Procrastinação

Quando ouvimos falar de procrastinação, a primeira razão que vem à cabeça é preguiça. Será que a preguiça tem mesmo um papel decisivo na escolha de iniciar (ou não) uma tarefa? Neste artigo, vamos entender melhor a procrastinação e saber o que nos diz a ciência para, aos poucos, deixar de estar refém do botão snooze.

Qual a origem da procrastinação?

 

Procrastinar é adiar o início (ou término) de uma tarefa geradora de stress/desconforto. Normalmente, associa-se a procrastinação à preguiça, mas as suas causas são bem mais profundas.

O medo de falhar, insegurança, ansiedade, dificuldade em manter o foco ou perfecionismo são algumas das razões que levam alguém a adiar uma tarefa. É uma constante autossabotagem da qual é difícil sair.

Por isso, mais do que a dificuldade em gerir o tempo, existe uma dificuldade em gerir emoções.

Mais do que a dificuldade em gerir o tempo, existe uma dificuldade em gerir emoções.

 

 

 

O que diz a ciência?

 

O medo tem um grande peso no ato de procrastinar.

Um estudo da Universidade Ruhr-Bochum, na Alemanha, mostrou que existe uma relação entre o ato de procrastinar e a dimensão da amígdala no cérebro. Se tende a adiar tarefas, muito provavelmente tem uma amígdala maior que o habitual.

Esta estrutura cerebral, que faz parte do sistema límbico, está associada às reações automáticas a determinadas situações, especialmente a reação ao medo. Existe um maior foco naquilo que pode correr mal, fazendo com que haja um adiamento de tarefas desconfortáveis.

Num momento de stress, em que tem de realizar uma tarefa difícil, o sistema límbico vai ter uma reação de luta ou fuga, sendo a amígdala a responsável por essa reação automática. Ou seja, vai resistir ou ignorar esta tarefa. O seu cérebro está apenas a tentar protegê-lo desta “ameaça” que o deixa desconfortável, tentando manter o equilíbrio a todo o custo.

É melhor continuar a navegar pelo Instagram ou tratar daquela papelada que está pendente há meses? A amígdala escolhe a primeira opção, porque é mais segura e preserva o seu bem-estar.

Será a procrastinação irreversível?

 

Se está a pensar que tem aqui uma excelente desculpa para continuar a procrastinar, desengane-se. Apesar de poder haver uma razão biológica para este comportamento, existe também a possibilidade de o reverter.

O nosso cérebro é flexível e “reprogramável”, adaptando-se a novas realidades e tarefas.

Como?

Com treino e com repetição. Ao início, será uma tarefa complicada, mas vai-se tornando mais fácil com o tempo.

A importância de ativar o lado racional

 

O nosso organismo está perfeitamente desenhado para nos proteger de toda e qualquer situação que nos coloque em risco, o que é ótimo, porque nos protege dos perigos imediatos.

Se tropeçar enquanto caminha, o reflexo vai ser tentar equilibrar-se, segurando-se a alguma coisa, por exemplo. Esta reação é uma tentativa de o proteger desta situação de stress, para evitar que se magoe.

Por outro lado, existem situações que o cérebro considera stressantes – e que vai tentar evitar a todo o custo – mas que, no fundo, podem trazer benefícios. Por exemplo: mudar de emprego, iniciar aquele projeto que anda há anos a adiar ou terminar uma relação que não funciona para si.

O seu cérebro coloca ao mesmo nível todas estas situações. Mudar de emprego ou tropeçar na rua são situações igualmente perigosas e a evitar.

É aqui que entra o lado racional, que deve separar as situações que colocam a vida em risco, daquelas que, sendo desconfortáveis, nos vão ajudar a evoluir, mesmo tendo de lidar com algum risco e desconforto.

Como combater a procrastinação?

 

Como já vimos acima, é possível “educar” o cérebro para evitar a procrastinação. Veja 5 dicas para ajudar no processo:

1.       Foque-se na relevância de cada tarefa mais do que na pressão de fazer perfeito: quando organiza a sua agenda priorizando o que tem mais impacto considerando os seus valores e os seus objetivos, mobiliza-se mais porque cativa mais motivação. Mais do que focar-se no seu desempenho, foque-se no que retirará de cada tarefa executada.

2.       Defina prazos: será muito mais fácil iniciar uma tarefa se tiver um tempo limite para a concluir. Caso isso não aconteça, defina blocos de tempo em que se vai dedicar exclusivamente a isso, fazendo uma pausa de alguns minutos entre blocos. Muito importante: desligue as notificações durante este tempo (de e-mails, redes sociais, etc.).

3.       Faça uma coisa de cada vez: procure fomentar uma atenção mais focada do que uma atenção dividida que convida a um piloto automático. Quanto mais especificar as tarefas, mais fácil será realizá-las. Crie uma lista com as tarefas principais e divida-a em tarefas mais pequenas/específicas, dedicando-se a uma de cada vez.

4.       Recompense-se: em vez de se culpar por ter demorado mais tempo a dar início à tarefa, recompense-se quando a conseguir executar, criando assim um reforço positivo.

5.       Seja menos exigente: com certeza já ouviu a expressão “Feito é melhor que perfeito”. Queremos ter tudo sob controlo, o mais perfeito possível, tanto que acabamos adiar indefinidamente. Defina mínimos e ponha-se a caminho.

Mais do que se julgar por procrastinar, explore as necessidades que a sua procrastinação poderá estar a expressar. E lembre-se: é válido pedir ajuda, seja de pessoas à sua volta em quem confia, seja de um profissional de saúde.

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